quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

São Sebastião

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Hoje é dia de São Sebastião, padroeiro de minha cidade, o Rio de Janeiro, e de dezenas de outras espalhadas pelo Brasil. Para os cariocas, o que é mais relevante é mesmo o feriado, que nos permite curtir melhor um dia de verão.
Mas o tempo não está ajudando, tem chovido muito, nem parece verão, e a cidade não está em uma situação que inspire muitas comemorações. O Rio tem vivido tempos difíceis, com sua rede de saúde calamitosa, obras pra tudo que é lado, e a ameaça do mosquito, que por sinal adora chuva.
Sempre achei a imagem do santo padroeiro um tanto dramática demais, com aquelas flechas atravessando seu corpo, torturado, martirizado. Nunca fui a favor dessa visão religiosa da virtude como uma dolorosa superação de sofrimentos infindáveis. Será que tem que ser assim?
Mas devo reconhecer que é uma imagem bem adequada para simbolizar nossa cidade hoje, tão linda e tão maltratada pelos nossos políticos, que tem por prioridade grandes obras, festas e eventos, e deixam o povo da cidade sem serviços básicos de assistência. Como é que não há dinheiro pra saúde, se há milhões e bilhões para réveillon, carnaval, olimpíadas etc.? Como não se organiza o combate a um mosquito, mas se organiza um evento gigantesco, com milhares de participantes?
Não sou contra esses eventos e obras, em especial as que ajudam no transporte público, tão negligenciado no passado. As grandes festas geram renda e emprego, e o Rio tem vocação pra receber o mundo de braços abertos. Podemos ser uma potência turística mundial, não nos falta potencial.
Mas a população precisa ser minimamente bem tratada, e isso inclui serviços básicos de saúde, educação, saneamento, segurança, sem isso não há cidade que funcione bem. Parece-me que nossos políticos sempre lembram o acessório, e muitas vezes esquecem o essencial.
Devo observar também que nós, cariocas, também não somos muito cuidadosos com nossa cidade, suas ruas, praias e espaços públicos em geral. Como sujamos, como depredamos, como cuidamos mal do que é de todos! E como somos mal educados no trânsito!
Assim, volto a dizer que nossa cidade está que nem São Sebastião, flechada, atacada pelos seus numerosos inimigos, políticos, população, mosquitos, chuvas, mas, tal como o mártir, tem a incrível capacidade de resistir, de seguir em frente, com fé e alegria. Não é uma atitude muito racional, mas é o nosso jeito de ser, emocional e carismático, sempre bem humorado.
Que venha o Carnaval e que venham as Olimpíadas! Nós saberemos fazer essas e muitas outras grandes festas! Quanto aos demais problemas, esses um dia se resolverão, com fé em Deus e no nosso santo protetor.

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