quinta-feira, 24 de abril de 2014

Fundamentos de Práticas Místicas



Saudações a todos,

Neste post vou detalhar um pouco mais os planos de energias mais sutis, e a partir daí buscar algumas explicações para práticas místicas ditas “milagrosas”, tais como clarividência, telepatia, projeção astral, cura à distância, e outros.  Além disso, vou falar um pouco das condições básicas para que tais práticas tenham sucesso.

Conforme já descrito no post “O Além”, existem, na realidade, infinitos planos de energias mais sutis que a de nosso universo sensível, que interagem com nosso universo continuamente.  Para simplificação de entendimento, adotei naquele texto a definição de três planos esquemáticos: “baixo astral”, “médio astral” e “alto astral”, e teci diversas considerações sobre cada um desses planos sutis.

Neste post, por ter um conteúdo mais prático, nos deteremos mais em fenômenos que ocorrem no “baixo astral”, mas devemos observar que todos os planos estão interligados, e, pela Lei da Analogia, tudo o que ocorre no “baixo astral” tem alguma correspondência nos outros planos.  Por esta mesma lei, tudo o que ocorre em nosso universo sensível está relacionado com alguma energia mais sutil dos planos citados.

Agora devo falar de um ponto muito relevante: quando digo que fenômenos em nosso mundo sensível estão relacionados, estou indicando que há correspondências entre fenômenos similares, mas que esses fenômenos não são iguais entre si.  Devo dizer que existem alguns conceitos muito familiares a nós no plano físico, tais como tempo ou espaço, que simplesmente não existem nos planos sutis – não há nenhuma percepção deles no “alto astral” ou “médio astral”, podendo eles serem percebidos somente no “baixo astral”, de forma diferente de nosso plano sensível.  Pense em um sonho, por exemplo – normalmente não há conceitos de tempo e espaço aplicáveis às percepções que ali ocorrem – e terá uma ideia de como se apresentam tais conceitos no “baixo astral”.

Esse é um ponto que merece ser detalhado.  Como se pode imaginar um mundo sem tempo ou espaço?  Particularmente, acho muito difícil, mas essa é a realidade dos planos mais sutis.  O que chamamos de tempo e espaço são simplesmente percepções objetivas nossas, necessárias a nossa vida nesse mundo, mas que não representam a essência das coisas, não tendo correspondência nos planos mais sutis.  A própria física, que sempre utilizou largamente os conceitos de tempo e espaço, após o surgimento da teoria da relatividade vem mudando tais conceitos, que não são mais tão determinísticos como se pensava antes.

O que é real, em termos de tempo, é o “eterno presente”, os conceitos de passado e futuro existem porque nossa mente objetiva é limitada, e tem que trabalhar no esquema memória-pensamento-imaginação.  Isso significa que tudo o que ocorreu um dia pode ser acessado nesses planos sutis, e, mais incrível, tudo o que vai ocorrer no futuro também pode ser acessado.  Devo dizer que, neste último caso, a coisa complica bastante, por termos o poder de alterar nosso futuro a qualquer instante – então o que se acessa é uma diversidade de futuros possíveis (mais precisamente, infinitos), e nosso livre arbítrio, individual e coletivo, definirá qual futuro será manifestado em nosso plano sensível.

Por isso, considero a previsão do futuro uma das artes místicas mais complexas que pode existir, sendo, infelizmente, uma das habilidades mais comuns que os “místicos” do dia a dia apregoam.  Não tenho perspectiva fatalista da realidade, não concordo com os que afirmam que o futuro está “traçado”, pois creio em nosso livre arbítrio, e interpreto boa parte das profecias, incluindo as da Bíblia ou de outro livro religioso qualquer, como advertências para eventual correção de rumos, muito mais do que “maldições irreversíveis”.  Deve-se ter muito cuidado para não se cair no terreno da superstição, tão associado à visão religiosa e mística desde sempre.

Em termos de espaço, o que é real é o “aqui infinito”, ou seja, na realidade, o universo está dentro de nós, tal como estamos dentro do universo.  Pode parecer estranha essa ideia, mas é exatamente o que muitos místicos em todos os tempos sempre afirmaram, com base em seu conhecimento intuitivo da realidade e em suas experiências místicas.  Se, porém, assumirmos como verdadeiro o Princípio da Unidade, podemos concluir que, nos planos sutis, somos unos com Deus, e onipresentes como ele.  Neste sentido, toda diversidade é simplesmente ilusória, e serve para ajudar-nos em nossa caminhada, rumo á Reintegração Divina.

Sendo assim, é possível estar instantaneamente em qualquer lugar que se deseje, e existem inclusive técnicas praticadas por diversos místicos, de “projeção astral”, em que nossa consciência, em uma forma sutil, se desloca voluntariamente para outro lugar e pode interagir com as pessoas ali presentes (são as famosas “aparições” que atemorizam tantos), ou simplesmente assistir ao que ali ocorre.  Tal fenômeno “místico” já foi testemunhado por muitas pessoas, porém sempre em caráter subjetivo, ou seja, não há garantia de que outros consigam confirmar o fenômeno de forma independente – essa é a característica comum a esse tipo de fenômeno, que dificulta sua aceitação científica.

Outro ponto muito importante é a existência de um “banco de dados sutil” universal, que registra todos os acontecimentos, ideias e impressões que ocorreram em nosso universo sensível.  Esse repositório de conhecimento universal encontra-se acessível no “baixo astral”, para todos os que se harmonizarem com sua energia.  Ali podem ser acessados fatos passados, experiências sensoriais diversas, ideias inspiradoras, emoções múltiplas, em suma, a soma de todas as percepções e experiências de todos os seres conscientes que já viveram nesse mundo.

Como explicar a existência de um banco de dados dessa magnitude?  Se pensarmos um pouco sobre o Princípio da Unidade, sobre a relatividade do tempo e do espaço, e sobre a consciência divina, veremos que tal existência é justificável sim.  Não vou me estender nesse ponto, mas posso afirmar que Deus se conhece e se revela por meio de nós, de nossas experiências, emoções e pensamentos – a soma de todos eles passa a ser a “mente divina do mundo”, em um certo plano sutil.  Deve-se notar que essa “mente divina do mundo” não corresponde à Deus, mas a um aspecto Dele, revelado por nós.  Assim, esse “banco de dados” pode ser considerado um atributo de Deus.

Todos esses conceitos básicos que apresentei sobre os planos sutis – “eterno presente”, “aqui infinito” e “banco de dados sutil” – estão baseadas puramente em intuições, e na observação do resultado de experimentos místicos, subjetivos, não reprodutíveis de forma controlada.  Ou seja, não se trata de ciência, tal como a ciência moderna se define, mas, conforme a visão mística, são afirmativas válidas, que podem ter consequências práticas em nossa vida – posso definir tais conceitos como parte de um conhecimento filosófico místico.

A partir desse fundamento apresentado, pode-se explicar o “funcionamento” de diversos experimentos e fenômenos místicos, da seguinte forma:

- Clarividência: essa prática pode ser explicada como um acesso privilegiado ao “banco de dados sutil”, e a energias mais sutis em geral.  Ocorre com pessoas que têm uma sensibilidade especial a essas energias, e conseguem captar vibrações que outros não captam – apropriadamente, pode ser considerado um “sexto sentido”, já que os demais cinco sentidos são dedicados a captar energias menos sutis.  Devido aos atributos “eterno presente” e “aqui infinito” dos planos sutis, tais percepções podem dizer respeito a eventos em outras épocas e lugares.

No processo, a pessoa, em contato com essas energias, consegue decodificá-las e perceber objetivamente, por exemplo, o que está ocorrendo em outro local com uma pessoa querida (ela está correndo perigo, por exemplo), o que fizeram com ela em um passado distante, o que estão falando dela, quem está querendo falar com ela, quais as reais intenções de algum interlocutor, ou mesmo eventos futuros em andamento, por causa de atitudes passadas – tais eventos, é sempre bom lembrar, podem ser alterados pelo livre arbítrio dos envolvidos.

Resumindo, a clarividência vem a ser um superdesenvolvimento da intuição, algo que normalmente é inato, mas que também pode ser desenvolvido, por meio de apropriados exercícios místicos.

- Telepatia: se assumirmos que existem energias sutis presentes continuamente à nossa volta, pode-se facilmente conceber um campo de comunicação por meio do qual os pensamentos se integram – basta que os telepatas estejam na mesma frequência sutil, devidamente conectados.  Sendo assim, a telepatia é possível sim, mas sua utilidade vem se reduzindo bastante.  Isso porque, com o avanço das telecomunicações, ficou muito mais fácil e rápido dar um telefonema ou usar a internet para trocar mensagens instantâneas.  

Da mesma forma que na clarividência, a telepatia pode ocorrer entre pessoas de épocas distantes, que se encontrem em qualquer local, à distância.  Outro detalhe importante: os telepatas não precisam estar vivos – esse é um ponto que merece uma reflexão, e está associado a diversos fenômenos estudados no espiritismo, em especial a psicografia.

Em algumas situações específicas, a telepatia ainda tem sua utilidade, em especial em ordens místicas, na manutenção de comunidades sutis de membros – estas serão melhor detalhadas em um próximo post.  Deve-se considerar uma relevante vantagem da telepatia: não há barreira de língua, já que são transmitidas ideias e não palavras literais.  Mas mesmo isso está sendo contornado pela tecnologia, com o uso de tradutores automáticos (ainda muito ruins, mas que devem melhorar bastante no futuro).  De qualquer forma, para comunicações entre pessoas vivas e não vivas, a telepatia é o único meio disponível – detalharemos essas comunicações em outro post.  A própria comunicação com o “banco de dados sutil” pode se dar por telepatia, ou também por percepções – imagens e sons principalmente.

- Projeção Astral: esse fenômeno, que consiste na possibilidade de alguém se deslocar livremente pelo espaço, sem que seu corpo se mova, é decorrente do chamado “desdobramento” entre a parte densa (corpo) e a sutil (mente ou consciência) de nosso ser.  Em outro post deverei dar maiores detalhes sobre o desdobramento, mas pode-se concluir, a partir do conceito de “aqui infinito”, aplicável aos planos sutis, que basta uma harmonização adequada com esses planos para se ter acesso a qualquer local que se queira, instantaneamente.  Em termos práticos, isso é o equivalente à ubiquidade – estar em dois lugares ao mesmo tempo – embora não se trate propriamente disso. 

A projeção astral por vezes é superestimada, sendo considerada por vários grupos como a prática mística “principal”, uma vez que ela permitiria “provar”, sem sombra de dúvida, que os planos sutis existem.  Ora, acredito que a ciência um dia poderá provar tal assertiva de forma mais objetiva, pois a projeção astral, como todas as demais práticas místicas, somente serve de prova a quem a vivencia – os outros sempre podem duvidar de sua experiência.  De qualquer forma, não compartilho dessa visão, entendendo a projeção astral como uma prática que pode ser muito relevante sim, tal como as outras, não tendo nenhum destaque especial.

- Cura à distância: a partir do explicado na projeção astral, pode-se imaginar facilmente o místico, por meio da projeção astral, se deslocando em consciência ao local onde está o doente e aplicando algum método de cura mística.  Outra possibilidade, mais frequente, é o místico executar uma prática mística específica para a cura à distância.  Como os métodos de cura mística envolvem energias sutis, estes são perfeitamente compatíveis com qualquer distância – o místico curador só precisa acessar o pleno sutil correspondente, que está disponível a qualquer distância do doente.  Os métodos de cura mística serão melhor explicados em um próximo post.

- Revelações sobre “vidas passadas”: aqui entramos no terreno sempre controvertido da reencarnação, e já tivemos oportunidade de falar sobre esse assunto em outro post.  De qualquer forma, assumindo-se que você já viveu outras vidas nesse mundo, é meio óbvio pensar que, no “banco de dados sutil”, que tudo guarda, estarão também todas as experiências de suas vidas passadas, que poderão ser acessadas mediante adequada harmonização com os planos sutis.  Mesmo que você não acredite em reencarnação, pode-se pensar nas experiências de seus antepassados, que também podem ser acessadas nesse banco de dados.

- Conhecimento milagroso: diante do afirmado para as outras práticas místicas, é meio óbvio explicar mais esta – trata-se de simples acesso ao “banco de dados sutil”.  Devo acrescentar que os grandes cientistas e artistas da humanidade muitas vezes buscam ali a inspiração para suas descobertas e criações.  A própria palavra “inspiração”, para a visão mística, representa um grau de harmonização com os planos sutis.  O próprio momento da intuição também pode ser interpretado dessa forma.

Agora devo perguntar: ao fazer uma descoberta relevante ou ter um insight, você nunca teve a impressão de que a solução da questão tinha sido “soprada” a você por alguma “entidade sutil”?  Conforme a visão mística, trata-se do momento da conexão com o “banco de dados sutil”, e essa “voz” que fala a você é a sua própria, traduzindo as ideias ali captadas.  Essa é uma das práticas místicas mais corriqueiras, quase todos já tiveram seus momentos de conhecimento milagroso, também chamado de “insight” ou “revelação”.

- Previsões de futuro: esse é um dos pontos mais complexos, sendo uma prática mística muito difícil de ser realizada – o número de pessoas que efetivamente prevê o futuro com alguma precisão é muito menor que o número de pessoas que anuncia tal capacidade.  Ocorre que, no “banco de dados sutil”, estão gravadas todas as atitudes já realizadas por qualquer pessoa ou grupo de pessoas.  Pela Lei da Causa e Efeito, essas atitudes trazem consequências futuras, que podem ser acessadas nesse mesmo banco de dados. 

O complicado é que existe sempre uma variedade grande de atitudes relacionadas a alguém, com consequências muitas vezes contraditórias, sendo necessária muita sensibilidade para perceber qual delas deve prevalecer e qual a influência das demais.  Além disso, há o livre arbítrio de cada um e de cada grupo, que pode, a qualquer momento, mudar isso.  Acredito inclusive que a principal finalidade das “profecias” mais relevantes é justamente servir de alerta para que se mudem as atitudes, pois, caso contrário, as consequências seriam as descritas na profecia.

Vou citar o exemplo bem famoso do Segredo de Fátima, profecia terrível com visões do inferno – parecia que a humanidade iria encontrar um fim terrível.  Resumindo bastante a história, em 1917 uma aparição de Nossa Senhora foi percebida por três crianças, no interior de Portugal, tendo passado a elas um segredo, consistindo de três partes.  Tal segredo foi passado ao bispo da região, que o enviou ao Vaticano, onde ficou guardado até 1941, quando foram reveladas as duas primeiras partes – consistiam em visões terríveis de sofrimentos para a humanidade, com a previsão de que “outra grande guerra viria”, e “uma luz estranha brilharia em uma noite” e de recomendações de oração e amor, com especial atenção à Rússia.  A terceira parte manteve-se em segredo, somente o papa e um auxiliar sabiam da mesma por décadas, até que, em 2000, ela foi revelada: era uma visão de um papa caminhando em meio a um cenário infernal, caindo a seguir e sendo morto por soldados.  O papa João Paulo II, que divulgou a última parte, atribuiu essa visão ao atentado que sofreu em 1981, justamente no dia dedicado a N.S. de Fátima, 13/05, e sua cura posterior teria “anulado” o efeito da profecia.

Pode-se interpretar essa “profecia” de forma fatalista, como uma comprovação de que a humanidade está mesmo condenada a sofrimentos horríveis – e a realidade a nossa volta pode fornecer muitas evidências dessa hipótese. 

Mas pode-se pensar também, em termos mais ponderados, que a mensagem consiste em uma advertência sobre o surgimento de regimes políticos totalitários, que estavam em gestação naquele momento – vide a menção explícita à Rússia, que meses depois iria entrar na era comunista.  Conforme nos diz a História, tais regimes se instalaram, nas décadas seguintes (20, 30 e 40), de diversas formas – comunismo soviético, nazismo e fascismo, por exemplo –, ocasionando a seguir a segunda guerra mundial, com a bomba de Hiroshima, ambas citadas na profecia. 

A terceira parte do segredo é uma clara imagem da decadência da igreja, representando, em minha opinião, a repressão brutal a quaisquer expressões religiosas que ocorreu nesses regimes totalitários, em especial nos comunistas – com o devido respeito à interpretação do papa, que tem sentido e deve ser levada em consideração.  Este papa, por sinal, veio de um país comunista e contribuiu grandemente para a queda deste regime em diversos países

Sendo assim, para que serviu a profecia?  Para advertir a todos que havia algo muito perigoso a caminho, que causaria muitos sofrimentos se nada fosse feito para mudar o rumo dos acontecimentos – e parece que nada foi feito mesmo, a Segunda Guerra Mundial realmente ocorreu, e só depois de muitas décadas de sofrimentos e mortes o mundo assistiu ao ocaso dos principais regimes totalitários. 
 
Além desses fenômenos místicos, há ainda diversos outros, tais como telecinese (capacidade de mover objetos com a “força do pensamento”), levitação (capacidade de flutuar no ar), invisibilidade (capacidade de não ser visto pelos outros), materialização (capacidade de fazer surgir algum material definido a partir de um substrato material neutro), que também podem ser explicados, à luz dos princípios da filosofia mística.  Mas esses eu deixo para vocês pensarem a respeito, levando em conta as leis místicas já apresentadas. 

Na realidade, para melhor entendimento dos fenômenos acima listados, será necessário explicar a natureza das energias sutis que compõem nosso universo sensível – matéria e energia físicas –, o que será assunto de um próximo post.  De qualquer forma, a visão mística sobre matéria e energia física é bastante próxima da visão da ciência atual – a física, ao longo do século XX, s aproximou bastante da concepção mística da matéria.


Devo falar agora da astrologia e da numerologia, buscando uma explicação para seu funcionamento – como um brilho de uma estrela distante, ou um evento aleatório, como nome e data de nascimento, podem influir em nossa personalidade e determinar vários aspectos de nossa vida?

A resposta a essa questão se encontra no princípio da analogia, que diz que energias sutis são similares a outras menos sutis.  O que ocorre é que há uma correspondência entre diversos planos de existência, e a linguagem simbólica ajuda a decifrar essas correspondências.  No caso da astrologia e da numerologia, apela-se a esquemas simbólicos para se descobrir energias sutis do interior de nosso ser – pensamentos, emoções, inclinações naturais, características de nossa personalidade.

Assim, não é o brilho da estrela que nos influencia, muito menos os números de uma data ou as letras de um nome, esses são somente suportes materiais, o que importa é o sentido simbólico ali representado – e esse sentido pode ser decifrado em inúmeros outros suportes, basta sistematizar esse conhecimento, o que foi feito de forma consistente no caso da astrologia e da numerologia.

Naturalmente, são dois métodos muito imprecisos, por terem uma pretensão de descrever sua personalidade mais íntima, algo que, para mim, é um dos maiores mistérios da existência.  Não há como garantir precisão ou acurácia a esses métodos, e particularmente acho uma perda de tempo experimentos pretensamente científicos que buscam verificar ou desmentir características de mapas natais.  Mas isso não invalida esses métodos, pois eles podem ser uma ótima ferramenta de autoconhecimento, em conjunto com nossa intuição.

Aliás, devo ressaltar que qualquer coisa dita a seu respeito por outras pessoas somente deve ser aceita após passar pelo filtro da intuição, ou seja, após você, interiormente, em estado de harmonização, intuir que aquilo faz sentido.  Caso contrário, evite levar em consideração o que dizem – a melhor pessoa para saber a seu respeito é você mesmo, devidamente conectado ao Amor Divino.  Cuidado com aqueles que fantasiam coisas a seu respeito, com o objetivo de manipular e levar vantagem – coisas do tipo “você está com uma dificuldade imensa, e vai precisar fazer muitas coisas para se livrar delas”, como, por exemplo, voltar lá várias vezes e pagar muitas outras consultas ao adivinhador.

Assim, em relação à astrologia e à numerologia, reconheço a validade de mapas natais e trânsitos individuais, como ferramentas auxiliares ao autoconhecimento, ajudando-nos a entender certas dificuldades ou circunstâncias de nossa vida, nossa família, nosso trabalho.  Devo acrescentar também que são campos de conhecimento vastos, com uma rica linguagem simbólica, que ajudam na compreensão da personalidade nossa e dos que estão a nossa volta – a classificação de personalidades ali exposta é bastante interessante.

Acredito que, para melhor aproveitamento desse conhecimento, deve-se encarar suas proposições de forma simbólica, sempre colocando-as em perspectiva, sem fatalismos ou interpretações literais.  Deve-se sempre apelar à intuição, nossa melhor conselheira, sobre a validade de quaisquer afirmações ali contidas.  Em suma, trata-se muito mais de apreciar uma bela obra de arte (seu próprio eu), e fruir o que for possível daquelas interpretações, do que de fazer um estudo preciso e sistemático da própria personalidade.  Dessa forma, acredito que ambos os sistemas têm muito a nos ensinar.

Só devo fazer uma ressalva, sobre os horóscopos, que muitas vezes aparecem em revistas e jornais de grande circulação.  Parecem-me atentados ao bom senso – alguém com um mínimo de senso lógico pode facilmente questionar a validade de 12 pequenas frases diferentes que variam meio aleatoriamente a cada dia e têm a pretensão de orientar todas as pessoas do mundo naquele dia.  Vale uma reflexão a esse respeito.

Devo citar também o sistema do eneagrama, proveniente da tradição sufi, e a astrologia chinesa, com seu sistema de signos anuais, ambos são bastante úteis para nos ajudar em nosso autoconhecimento, a meu ver eles têm tanta validade quanto os outros dois sistemas.

Vou aproveitar e falar também de oráculos mais imediatos, para previsão do futuro próximo, tais como tarô, runas, búzios, borra de café, leitura de mãos, i ching e outros – existem inúmeros, muitos bem antigos e tradicionais.  Como funciona essa aparente “adivinhação”?

Simples, basta pensar no “banco de dados sutil”.  Os instrumentos de adivinhação – cartas, runas, búzios, etc., funcionam simplesmente como suporte simbólico para acesso a esse banco de dados, de forma que, quando o adivinhador está devidamente concentrado, ele consegue, por meio de inspiração mística, interpretar devidamente aqueles símbolos, e mostrar de forma objetiva o que está descrito no “banco de dados sutil”. 

Deve-se ressaltar que o alcance desses métodos, em geral, é limitado, já que, conforme já descrito neste post, a previsão do futuro é uma questão complexa, visto que existem diversas atitudes que geram consequências diversas, às vezes contraditórias.  Cabe ao adivinhador perceber quais as atitudes predominantes, e o quanto elas são influenciadas por atitudes secundárias. 

Além disso, não se deve encarar o que aparece nesses oráculos como futuro inevitável e fatal, já que existe o livre arbítrio – você sempre pode se reinventar.  Assim, se houver uma previsão de futuro feliz, você pode interpretar como “siga em frente nessa direção, continue se esforçando da mesma forma, com confiança, que o sucesso virá”.  Se, por outro lado, o prognóstico for negativo, interprete como “você tem que reconsiderar certas atitudes, e mudar de rumo – faça isso para evitar consequências desagradáveis”.

Tomados esses devidos cuidados, e sempre submetendo as previsões ao filtro de sua intuição, pode-se também obter indicações relevantes, que nos ajudam em nossa caminhada.

Aproveitando o tema dos oráculos, vou agora fazer algumas considerações sobre a seguinte questão: por que as pessoas são tão fascinadas com a previsão do futuro?  Em minha opinião, a principal motivação que leva as pessoas a procurarem um oráculo desses é o medo do desconhecido.  O futuro é algo que atemoriza muitas pessoas, em especial quando a visão que elas têm da situação presente não é positiva – por exemplo, quando se está com dificuldades financeiras ou amorosas, ou quando se está doente, ou há alguém muito querido passando por dificuldades.  E daí vêm todos os medos relacionados ao desconhecido – o medo da morte é o principal, mas há também o medo de ficar na miséria, o de depender dos outros, o de “perder” alguém, o de fracassar, e muitos outros.

Na realidade, as pessoas em geral têm um apego excessivo a certas situações, relacionamentos ou posses, acreditando que sua felicidade depende da conquista ou manutenção desses elementos.  Conforme a visão mística, nossa felicidade depende somente de Deus, que está sempre unido a nós, ou seja, nossa felicidade depende somente de nossa harmonização com Deus, que é possível a qualquer pessoa a qualquer momento, independentemente de situações, relacionamentos ou posses.

Sendo assim, se nos conscientizarmos que temos tudo o que necessitamos para sermos felizes, sempre, em qualquer situação, nada pode nos atemorizar, pois nada pode ser feito para nos afastar de Deus, e nos afastar de nossa felicidade.  Nesse ponto de vista, o futuro é somente uma aventura fascinante que virá e nos fará feliz, aconteça o que acontecer.  Sendo assim, saber antecipadamente o futuro pode inclusive tirar o efeito das surpresas que ocorrem em nossa vida, com o objetivo de dinamizá-la e testar nosso equilíbrio, fortalecendo nossa harmonização.  Por isso, o místico realmente harmonizado não se preocupa com o futuro, pois sabe que este será sempre construtivo, já que ele, místico, adota uma postura construtiva em qualquer situação.

Existem algumas situações em que a previsão do futuro é muito útil, em especial quando podemos prevenir situações desagradáveis para outras pessoas – daí um aviso tempestivo pode salvar vidas ou melhorar a vida de muita gente.  Sabermos algo relevante sobre nosso futuro pode ser útil, mas como um guia genérico de cuidados que devemos tomar e atitudes que devemos evitar, sem a pretensão de saber em detalhes o que realmente ocorrerá – considero que a incerteza é parte de nossa vida, e não me parece oportuno antecipar experiências que podem ser muito úteis no tempo certo, se soubermos lidar adequadamente com a expectativa natural que envolve essas situações.

Sendo assim, posso dizer que a maior parte das consultas a esses oráculos poderia ser evitada, se as pessoas, ao invés de procurarem saber o que vai acontecer em alguma situação desagradável ou angustiante, buscassem lidar de forma mais equilibrada com essas situações.  Por exemplo, ao invés de consultar um oráculo para saber se aquela pessoa é o par ideal para você – tema muito comum nessas consultas – poderia ser mais construtivo aprofundar o relacionamento, conhecer melhor a pessoa e a si mesmo e daí tomar as decisões adequadas, simplesmente convivendo com a pessoa e construindo algo em comum.  Não há oráculo que ensine a amar alguém ou que mostre alguma receita de felicidade, há muitas coisas que podemos descobrir no tempo certo, simplesmente vivendo da melhor forma possível.

Agora devo falar de algumas condições essenciais para que qualquer dessas atividades místicas seja bem sucedida.

Inicialmente, é necessário definir objetivos práticos para qualquer atividade.  Se quisermos alguma revelação sobre o futuro, por exemplo, quanto mais específica a questão, maior a chance de sucesso – assim, perguntar “se as vendas chegarão a um número determinado até o fim do ano” Tem maior chance de ser bem respondido do que “se o negócio vai dar certo”.

A seguir, tem-se que reservar energia e tempo para se dedicar à prática.  Como a base de qualquer prática mística é a meditação, há necessidade de ambiente sossegado, calma interior, tempo para concentração e disciplina para realizar os experimentos repetidamente, quantas vezes forem necessárias.  Dificilmente um objetivo é alcançado em primeira mão, normalmente há necessidade de repetir e reforçar os experimentos, até se obter os resultados almejados.

Qualquer prática mística deve buscar a harmonização com o Amor Divino, para ter o máximo de eficácia.  Para isso, há necessidade de se obedecer a algumas normas éticas básicas, que caracterizam o Amor, em qualquer de suas formas:
- Generosidade: deve-se evitar enriquecer às custas de outras pessoas, o ideal é realizar os experimentos de forma gratuita, e eventualmente aceitar algum presente de agradecimento, ou então não fixar o valor da contribuição, caso esta seja necessária para a manutenção do serviço místico.
- Respeito: as pessoas têm seu sagrado livre arbítrio, e o direito de acreditar no que quiserem.  Sendo assim, o respeito às suas opções deve prevalecer sempre, por mais que você tenha a convicção de que a pessoa está em um caminho muito equivocado – Deus não respeita nosso livre arbítrio?  Por que não devemos respeitar o dos outros?
- Privacidade: devemos sempre respeitar o espaço individual dos outros, evitando ao máximo sabermos de coisas que não nos foram perguntadas e não nos dizem respeito.  Devemos sempre lembrar que só devemos saber o que temos possibilidade de ajudar de alguma forma.  Esse princípio é especialmente importante para o caso de clarividência e projeção astral, em que se pode ter diversas informações sobre os outros, de forma quase ilimitada – nossa consciência sempre deve ser nosso limitante.
- Humildade: nunca podemos nos esquecer que somos muito especiais, temos um contato muito íntimo com Deus...  Tal como o restante da humanidade.  Não temos nada de superior ou essencialmente diferente de ninguém, e não devemos nos arvorar de “conselheiros”, “orientadores”, “guias” ou equivalente, contra a vontade de ninguém.  Podemos e devemos aconselhar e guiar outras pessoas, quando solicitados, ou quando percebemos situações muito sensíveis em que podemos intervir, mas, caso a pessoa se recuse a nos ouvir, paciência, humildade é a melhor resposta, sempre. 

Outra condição básica que merece ser destacada é o objetivo do experimento, que deve ser o mais harmonizado possível com o Amor Divino.  Em outras palavras, o experimento deve ter por objetivo primordial ajudar os outros, de forma desinteressada, harmoniosa e amorosa, buscando a felicidade de todos.  Qualquer experimento que tenha motivações egoístas, movido por rancores, invejas, ou outras dissonâncias, tem muito menos chance de ser bem sucedido – a longo prazo, essa chance é praticamente nula.

De resto, devo acrescentar que a prática mística “principal”, em minha opinião, consiste em se harmonizar com o Amor Divino, por meio de oração e meditação, na busca da felicidade, como já dito em diversos outros posts.  Todas as práticas aqui descritas, por mais espetaculares que pareçam, só têm valor místico se estiverem alinhadas com esse objetivo maior.

Devo dizer também que o domínio de alguma dessas técnicas, por mais incrível que seja, não é medida de “desenvolvimento espiritual” de ninguém.  O que melhor espelha o grau de “desenvolvimento espiritual” de uma pessoa é o seu estado de felicidade, refletindo-se em pensamentos harmoniosos, alegria interior, palavras sensatas e atitudes equilibradas.  Assim, um místico, antes de buscar dominar alguma dessas técnicas práticas, deve buscar ser feliz.

Terminei me alongando um pouco nesse texto, por considerar as práticas místicas assuntos muito populares entre os que se interessam pelo misticismo em geral.  Espero que este post seja útil para aqueles que estão na caminhada, e para os que queiram saber um pouco mais sobre o assunto.  Afinal, por mais que a teoria e a filosofia mística sejam impressionantes, a prática é o momento em que o místico pode exercitar seus conhecimentos e avançar de maneira efetiva rumo à Reintegração Divina.  Boas práticas a todos!

Saudações fraternas.

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