quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O ego - nosso melhor amigo e nosso maior inimigo

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Quero escrever hoje sobre o ego, e como ele pode ser nosso maior amigo e o pior inimigo ao mesmo tempo.
Para começar, devo tratar da pergunta fundamental: quem sou eu? Não vou respondê-la, simplesmente por ser uma das mais complexas questões de nossa vida, mas acredito que nosso eu é muito mais do que nossa mente pode nos sugerir.
Posso chamar "ego" ao eu que nossa mente racional alcança, formado pelo nosso corpo, emoções, pensamentos, desejos e comportamentos.
E, além do ego, posso definir um outro eu, mais sutil e sábio, ligado mais diretamente a um Ente Divino. Posso chamá-lo, para facilitar, de "alma", um termo bem familiar.
O que observo é que nosso ego é a base de nossa vida, em especial a base de nossos relacionamentos, Nenhuma pessoa consegue ter uma vida saudável, em termos físicos, emocionais e sociais, sem um ego bem desenvolvido e amadurecido.
Mas o ego tem um papel em nossa vida necessariamente limitado. Se ele extrapola seu papel e se torna o centro de nossa vida, como é muito comum, daí a pessoa começa a sentir um vazio, uma angústia, uma inquietação, sem ter idéia do que seja. Entendo que ela esteja "sentindo falta" de sua alma.
Para que serve nosso ego então? E nossa alma? Nosso ego é um ótimo executor, ele sabe fazer, sabe planejar e executar muito bem, sabe buscar sobrevivência, reconhecimento, integração, comunicação, ele nos leva aonde queremos chegar.
E nossa alma? Ela é que realmente sabe onde devemos chegar, ela guarda nossa essência, nossa missão nesse mundo, ela indica o caminho a seguir a cada momento, a escolha mais apropriada, a reação mais adequada, em suma, a sabedoria mais essencial. É na alma que se encontram nossos desejos mais autênticos, aqueles que, quando realizados, nos fazem realmente felizes.
Em suma, é nesse ponto mais sutil do nosso ser que se encontra a "fórmula da felicidade" individual, adequada pra cada um de nós.
Tenho visto muitas pessoas que se envolvem demais nos inúmeros aspectos interessantes de seu ego, zelando por suas próprias idéias e atitudes geniais, e buscando incessantemente suas metas grandiosas e seus grandes projetos. Nesse ritmo corrido, a vida muitas vezes vira uma sucessão de batalhas, numa guerra interminável.
E, ao final desse longo processo, o que fica de bom, qual o legado? Esse só a alma pode indicar, e muitas vezes a pessoa não deu a devida atenção ao mais essencial. E daí? Daí vem a frustração, a decepção, a raiva, e as inúmeras fugas e ilusões associadas, que posso chamar de "drogas", ou seja, mecanismos artificiais que nos desligam de uma realidade aparentemente insuportável.
Como então dar a devida atenção à nossa alma, ao que temos de mais nobre e elevado em nós? Ocorre que o ego está muito dominante em nós, de forma geral, em especial nesses tempos de egoísmo amplamente dominante, em que o sucesso individual é endeusado a todo custo, e todos querem ser famosos, ricos e poderosos. Então ele tem que ser "realocado", a fim de ocupar o seu devido lugar em nosso ser.
Não podemos ouvir os apelos de nossa alma enquanto o ego fica gritando o tempo inteiro o que temos que fazer. Na realidade temos que derrubar a "ditadura" do ego em nossa vida, e esse processo não é rápido nem simples, sujeito a diversos contratempos.
E isso ocorre porque o ego é um especialista em sobreviver, ele vai fazer de tudo para não sair do controle, e sua mente racional vai tentar te convencer a todo custo que sem o ego comandando você não sobrevive. Afinal, em sua limitada visão, só existe o ego, o resto é um "nada".
Porém, essa é a ilusão maior. Na realidade, sem o ego mandando em tudo, poderemos então entrar em contato com nossa alma, com o que temos de mais íntimo e precioso, é aí temos chance de sermos plenos, felizes e realizados, e realmente alcançarmos sucesso e prosperidade genuínos.
Como então tirar o ego do comando? Bem, esse é um longo e acidentado caminho, e temos a vida toda para percorrê-lo. Não vou entrar muito em detalhes, mas vou lançar umas idéias básicas, que formam a sua essência.
Para começar, amor, muito amor. Aceitar o mundo, aceitar os outros, compreender, chegar a acordos, buscar a paz. Evitar a grande armadilha do ego, que é o orgulho. Estar sempre disposto a rever suas idéias, respeitando todas as outras pessoas, e em especial respeitando a nós mesmos.
Porque não se trata de uma nova "batalha" contra um inimigo interior. Nada disso. O ego pode e deve ser nosso melhor amigo, ele deve ser bem orientado, convertido, para trabalhar em harmonia com a alma.
Assim, não devemos reprimir, esconder ou combater algum aspecto desagradável em nós, afinal ele é parte de nós! Devemos assumir esse "lado ruim" e transformá-lo, reorientando a sua energia para algo construtivo, que nos traga realização e felicidade, sob o comando de nossa alma.
Além disso, precisa haver autocrítica, aquele momento de reflexão, de questionar o porquê de nossos pensamentos, de nossos atos. E buscar mudar efetivamente aquilo que não nos faz feliz, que não traz amor ou harmonia.
Só esses passos já nos ajudam bastante no caminho. Práticas interiores, tais como a oração e a meditação, também podem ajudar muito.
Espero que esse texto, que já está ficando um pouco longo demais, venha a provocar boas reflexões, e nos façam perceber melhor as causas de nossas angústias e desassossego, tão comuns em nossos dias.
Que possamos cada vez mais percebermos os caminhos de nossa alma, e que nosso ego seja um precioso instrumento para percorrermos esses caminhos. Saúde e paz a todos!

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