segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Museu do Amanhã

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Neste último sábado foi inaugurado, com pompa e circunstância, mais um museu moderno no Rio, o Museu do Amanhã. 
A princípio, uma ótima notícia para um país que dá bem pouca atenção à cultura em geral, e a seus museus em particular. Tem tudo para se tornar uma das principais atrações turísticas de uma cidade já cheia delas, atraindo mais movimento para uma região tão importante em nossa cidade, como é o nosso porto. Então, viva o novo museu!
Mas o que vi foi uma reação muito diferente - muita gente postando nas redes sociais coisas como "para que museu do amanhã, se a maioria dos outros vive no ontem, esquecida?" "Gastar milhões em novo museu e a saúde pública continua um desastre." "De que adianta museu do futuro, se nossa população não tem educação no presente - e suja a praça Maua no dia da inauguração."
Devo ponderar que realmente é questionável um gasto imenso em uma obra faraônica que está longe de ser a prioridade da população. Soa como uma situação em que muitos passam fome, e o rei gasta uma fortuna em banquetes.
Assim, concordo que deve haver uma crítica saudável aos critérios de alocação de recursos - mas lembro que a decisão questionável já foi tomada há anos, e agora o Museu está aí, pronto para ser visitado. 
Mas eu queria aqui destacar um aspecto interessante nessas reações negativas ao novo museu: a ideologia da escassez, ou do ganha-perde. 
Por essa ideologia, tão cara a tantos grupos políticos, quando se vê prosperidade, sempre é às custas da miséria de outros. Tudo se passaria como se houvesse um total limitado de recursos - um grande "saco de dinheiro global" -, e os que pegassem muito deixassem menos para os demais. 
Assim, se surgiu um museu lindo e novinho em folha, é claro que vários doentes estão mofando nos hospitais e muitas crianças estão sem escola decente, dentre outras misérias. E um fato é a causa do outro.
Pode parecer muito lógica essa idéia, mas devo confessar que não compartilho desta ideologia.
Para mim, a prosperidade é como uma energia, algo que se propaga, que se transmite e se multiplica - dinheiro atrai dinheiro, investimentos atraem recursos, que atraem mais investimentos. Aliás, vários economistas famosos estudaram esse poder indutor das grandes obras. É como se as riquezas tivessem um "ciclo de vida", crescendo e se multiplicando à medida que recebem estímulos para isso.
Assim, um novo equipamento público deste porte deve trazer mais gente para nossa cidade e para a zona portuária, e desenvolver comércio e serviços locais, que vão trazer novas obras, empregos, etc. Qual seria o problema disso?
Bem, e a nossa saúde, educação e demais misérias? Para responder a isso, faço uma pergunta: Por acaso nossos hospitais e escolas eram maravilhosos, e depois da construção desse museu eles pioraram? Ou ainda, alguém acha que o dinheiro usado nessa obra iria melhorar muito esses hospitais e escolas? Parece-me que não foi usado dinheiro público nesta obra, o que é um ponto muito relevante nesta discussão, mas, mesmo que fosse, seria garantida a melhoria de nossa saúde e educação?
Assim, deixo essas questões para reflexão, e convido a todos a dar uma visita a mais nova atração de nossa cidade. Que tal recebê-la de braços abertos?

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